Quinta-feira, 16 de Junho de 2005

Olhar para ti e ver-te!


Gosto de olhar o teu corpo nu, é um prazer que os anos me ensinaram a preservar, numa forma que me permite saborear cada instante infinitamente.

Gosto quando te despes e ofereces o corpo ao manifesto.

Gosto de apreciar as formas do teu corpo, na sua mobilidade inconsciente e constante.

Mais do que sentir o teu corpo, faço-o meu e tento perceber a sua reacção

…

Chegamos ao quarto escuro, delapidado de vida, inundado de segredos, fantasias e vontades.

Encostado no umbral da porta observas a curiosidade que me movimenta. Sorris, sabes que necessito de estar segura e confiante. Tenho de reconhecer aquele espaço como meu. Como nosso.

Pouso o saco, dispo o casaco e descalço-me. O telemóvel silenciado, as chaves do carro sobre a mesa. Abro as cortinas das janelas discretas, que apenas permitem perceber o dia ou a noite, e volto o olhar para a cama feita e perfeita.

…

Vens até mim, e num abraço apertado, que pensas acalmar-me o desassossego, inicias um longo e sempre insuficiente beijo.

È o nosso reconhecimento, é o momento em que as saudades morrem, e outras sensações nascem, para outras saudades que iremos ter.

Os teus olhos quentes sorriem-me, desejam-me e confirmam o prazer quase absurdo dos nossos beijos. Nesse toque de pele, lábios e línguas vivemos sempre o prazer e a surpresa do nosso primeiro beijo.

…



- Vens? – Encaminhado já para a sala, confirmas que esperas ver cumprida a minha promessa.

Nervosa, num prazer que me assusta, sigo-te os passos. Entro na sala no mesmo instante que te viras para mim.

O teu braço fecha a porta enquanto os nossos corpos apenas se roçam numa intimidade desconhecida e prometida.

Ofegante, num respirar quase temido, ergo o meu rosto ao encontro da boca que desce.

Nesse momento reconheci uma boca que nunca beijara, lábios que nunca tocara, língua que nunca provara e a saliva que nunca saboreara.

Beijei-te como sempre te beijara, lambi cada pedaço, provei cada humidade encontrada. Sem nunca o ter feito.

A tua boca encaixada na minha partilhava um prazer desconhecido, mas reconhecido. Como se as nossas bocas fizessem parte de um mesmo corpo, de um mesmo desejo, de uma mesma vida.

Não respirámos, não fechamos os olhos, apenas beijámos. Olhos, nariz, lábios, língua, pele, cabeça, mãos, braços, peitos, pernas, corpos num envolvimento único, desejado, inesperado e surpreendente.

Para ti.

- Foda-se…!!! – Exclamas, afastando-te de mim, num olhar esgazeado de espanto, os teus braços criando um espaço de segurança entre os nossos corpos. A tua excitação é evidente.

Sorrio consciente do prazer que experimentamos, segura de mim. Mulher. Teríamos feito amor ali mesmo. Acabarias por me confessar mais tarde que a necessidade de te afastares de mim fora instintiva e abrupta pois de outra forma já não conseguirias parar.

…

Agora que estamos juntos, e no beijo que partilhamos continua a existir essa magia, essa surpresa e certeza. Ambos sabemos que ninguém mais, em qualquer outro momento será assim, viverá assim o que nós vivemos um com o outro.

…

- Despe-te para mim, quero ver-te nu. – Sussurro num prazer antecipado.

Sorris, sabes que contigo sou livre, despojada de medos, sem tabus. Estou contigo porque quero, porque te desejo, porque te amo. Para mim é o único sentido do amor. A liberdade de amar, de dar, mais até do que receber.

…

O teu corpo moreno coberto por uma penugem quase negra. Alto, olhas para a cama onde deitada te observo numa gravação de sentidos e gostos. Quero tocar-te.

Deitas-te ao meu lado, braços atrás da nuca, pernas distendidas numa calma expectante.

Beijo-te os olhos, saboreio a pele fina das tuas pálpebras, as minhas mãos no teu peito sentem o coração que bate, seguram a vontade de ter dentro de mim.

O teu nariz inala forte, quase que respirando pelos dois, os nossos cheiros misturam-se, as bocas encontram-se, o nosso porto de abrigo, onde bebo de ti, onde sabes que o meu prazer começa.

Afasto-me para ver o palpitar do teu corpo, os teus mamilos espetados rodeados por uma auréola quase negra, a minha língua pousa-lhes delicada num pousar quase imperceptível. Quase sinto o teu arquejar, pressinto a vontade das mãos que mais tarde tocarão o meu corpo.

As pontas dos meus dedos escorrem leves pelo teu corpo, numa descarga de energia testemunhada pelo arrepiar dos pêlos, pela pele estremecida e tensa.

Os meus olhos percorrem cada pedaço de pele, observam cada musculo pressionado, a ligeira camada de suor que nasce no corpo que amo.

Abro ligeiramente a boca, numa necessidade premente de sentir o ar fresco que entra e desce pelo meu peito.

…

Os teus braços abrem-se e neles me aconchego num abraço nosso, cúmplice de afectos, e tão forte quão segura me fazes sentir.

Depositas beijos de sossego no meu rosto quente e corado.

- Amo-te. – Dizemos em uníssono, num silêncio de gestos, num gesticular de sons que nos fazem viver.

…
publicado por eu34 às 17:49
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