Sexta-feira, 9 de Setembro de 2005
Deitada sobre o teu peito respiro cadenciada pelo teu coração, num batimento constante e sossegado, repleto de segredos.
Ontem quando me aproximei de ti pedi-te apenas o silêncio dos amantes.
A promessa foi feita sem palavras.
A tua mão segurou a minha pousada no teu braço, e num sorriso quase escondido aos olhares distintos fizeste-me seguir contigo.
No carro parado olhaste-me longamente, cheio de perguntas, esperando apenas que te encarasse certa do meu desejo (conheces-me suficientemente bem, identificas os meus medos apenas no toque da minha pele), percebendo que não te encarava, tocas o meu rosto numa carícia suave e ergueste-me o rosto.
Perdi-me na escuridão do teu desejo, na ânsia de te amar, aproximei-me da tua boca quente, e beijei-te.
Num beijo molhado, cheio de vida, palpitante, onde línguas, lábios, sabores se misturam num carícia eterna e tão profunda que nos permite chegar ao limite de um prazer antecipado.
Os nossos corpos não se tocando, pressentiam, estimulados, um calor e uma necessidade premente.
Quis tocar-te, negando-me prendi as mãos no regaço, inclinada sentia, deliciada, a tua boca penetrando a minha pele, os lábioS que me chupavam, a língua que me lambia.
Sôfrega, insaciada, recuei para ver esses olhos negros de prazer. Num esforço supremo tentavas mantê-los abertos e a tua mão tocou-me.
Dono de mim, do meu corpo, da minha alma, do prazer que ambos sentimos e que juntos queremos levar mais além,
Ajeito o corpo frustrado no banco, seguro a tua mão no meu regaço, aguardo que me leves ao nosso destino.
Suspiras profundamente num trejeito quase animal, o carro em movimento.
- Onde queres ir? A tua voz soou-me zangada, percebi que te sentias perdido.
- Não quero ir para o teu apartamento! Respondo baixinho.
Sinto que me olhas, mais uma vez não me entendes, sabes que nunca vais conseguir perceber as minhas razões.
A tua mão larga-me e segues para o motel mais próximo.
O silêncio entre nós torna-se ensurdecedor, encolho-me enquanto olho a paisagem que passa, fecho os olhos. Preferia conversar. Connosco nunca foi preciso ligar o rádio do carro, as nossas conversas sempre fluíram ansiosas, quase receosas de que não tivéssemos tempo, numa necessidade brutal, quase de vida própria, num esgotar de palavras que renasciam a cada nova inspiração.
Abres o vidro do carro e percebo que chegamos. A tua voz calma pede um quarto de número par, sorrio, soubeste lembrar-te, embora essa minha superstição seja algo que também não entendes, afinal lá dentro os quartos são todos iguais.
Os desejos também, os prazeres que se procuram, encontram, vivem.
Saio na tua frente.
Enquanto sobes abro a cortina, procuro o ar que me falta, e espero por ti.
Abraças-me, enquanto me deixo aconchegar contra o teu peito, a tua boca desce sobre o meu pescoço e inicias um percurso feito de saudades, de momentos roubados, de sonhos e fantasias adiadas.
Mais tarde ambos satisfeitos, calmos, num recobro sempre lento e doce, os nossos olhares dirão o que as nossas bocas, a nossa pele e o nosso corpo viveram, numa partilha única de salivas, suores e explosão de prazeres.
Na simplicidade do nosso olhar límpido guardaremos, mais uma vez, a recordação que o corpo e a mente não esquecem. Para um reviver sempre extasiado e pletórico.
Durante a noite fui a tua amante sonhada e desejada. Foste o meu homem, o companheiro que sonhei em menina, o amante das minhas fantasias de mulher.
Não adormeci, tentando retardar o momento do acordar, do retomar da vida de todos os dias, explorando cada segundo, num toque fortuito, num novo prazer, numa nova glória dos sentidos.
Agora enquanto o dia entra pela frincha da janela ouço a chuva que cai lá fora.
Ergo o meu corpo nu, onde o prazer resiste no meu peito empinado, onde a tua vida ainda reside em mim, e sussurro baixinho Amo-te.
Sei que não ouves, por isso posso revelar-to.
Deito-me sobre o teu peito moreno.
Espero que me ames de novo.
Em silêncio.
De Anonimo a 19 de Abril de 2010 às 21:55
wow .. =)
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