Sexta-feira, 18 de Março de 2005
Ontem beijaste-me.
E mais uma vez o meu corpo reconheceu que a tua boca nasceu para me beijar.
Cada toque da tua boca em mim fez nascer um rio de vida.
De uma vida doce, sensual, quente e cheia de desejos.
De uma vida amarga, proibida e necessária.
Necessária sim, porque faz de mim mulher.
Quantas vezes esqueço que tenho desejos,
Ânsias e loucuras.
Quantas vezes o meu corpo desperta
E, louca, adormeço, sem sonhar
Quantas vezes o sonho, teimoso,
Desperta o rio que jaz em mim,
Ansioso por percorrer o corpo, que
Te deseja, que esquecido, não te
Esquece.
A tua língua, voraz, molhada, quente,
Atrevida, doce, misturada pelo café que
Partilhamos, pelo cigarro que fumaste,
Pela língua que lambeste e mamaste,
Deixando-me sedenta de ti,
Ontem beijei-te, sôfrega, sequiosa de ti,
Do teu sal, da tua pele morena, que em
Saudades recordo,
Lambi-te,
Mamei-te,
Bebi a tua saliva, saboreei o teu
Gosto, delineei-te os lábios, recordando
O caminho que sonhei, que vivi, que
Amei.
Sim.
Amei.
Talvez ainda ame
Ontem beijámo-nos.
Amantes proibidos.
Ontem fomos livres.